Sinceramente, não sei bem como começar isto. É a primeira vez que vou escrever algo neste blog e nem sei como hei de organizar as ideias e o texto. Mas à medida que vou escrevendo mais vezes vou arranjando uma estrutura fixa ou algo do género e começar a utilizá-la de aí em diante. Mas, até lá, vai ser como me vier à cabeça no momento.
E já chega de divagar, pois estou entusiasmado para ouvir este álbum pela primeira vez depois do 'hype' todo que se tem gerado à volta dele. De referir também que estou a escrever esta introdução sem ter ouvido o álbum, de forma a que possa dar a minha perspectiva antes e depois de o ouvir. Espero não ficar desiludido e, pelo pouco que ouvi, estou confiante que não ficarei.
Artista: Billie Eilish
Álbum: 'WHEN WE ALL FALL ASLEEP, WHERE DO WE GO?'
Confesso que não conheço a Billie Eilish e genuinamente não sei de onde apareceu. Por vezes há aqueles artistas que me vão começando a aparecer no radar gradualmente com uma música aqui e outra ali, mas, no caso da Billie, foi tudo muito de repente. Acho que em Janeiro foi a primeira vez que ouvi falar dela quando me mostraram uma música dela chamada 'Ocean Eyes', que me deixou intrigado. Gostei muito da música e da letra e fiquei intrigado pelo estilo simplista do instrumental e da voz suave e límpida que a Billie tem.
Entretanto, pouco tempo depois, foi anunciado que ela vinha a Portugal tocar no Coliseu dos Recreios em Lisboa. Sabia que ela não tinha nenhum álbum lançado, pelo que fiquei surpreendido quando esgotou em menos de uma hora (!!!) e mudaram o local do concerto para o Pavilhão Atlântico (peço desde já desculpa a quem me achar antigo por chamar assim, mas para mim vai sempre ser o Pavilhão Atlântico e não o Altice Arena). Pelo que percebi, esgotou também num dia.
Para mim é fascinante como alguém consegue fazer isso sem ter um álbum de estúdio lançado, consegui-lo apenas com um ou dois EPs. De qualquer das maneiras, tenho expectativas relativamente elevadas em relação ao álbum, já que toda a gente que me é próxima que o ouviu fala muito bem dele, mas vou entrar nisto de cabeça limpa e de mente aberta. Vamos a isto? Vamos.
1. '!!!!!!!'
2. 'bad guy'
Assim que acaba o riso da faixa anterior, entra uma batida forte. Gosto muito da linha de baixo, devo dizer. E a forma com ela entra a cantar, quase a sussurrar sozinha enquanto as outras vozes vão entrando também deixou-me super intrigado. Adoro a forma como a canção vai para o refrão, com a voz dela a sobressair por cima da linha de baixo e a letra adequa-se perfeitamente, tal como a batida que entra após o refrão. No geral, adorei tudo na música e acho que definiu bem o tom para o resto do álbum... até à mudança repentina de batida.
Não acho que tenha sido uma boa escolha para acabar a música, pois, e apesar de até fazer sentido em termos de mensagem acabar naquele tom, não acho que foi a melhor ideia do mundo deitar fora o que tinha sido feito até esse ponto e trocá-la por uma batida que me pareceu forçada e por uma forma de cantar mais sombria. Vale o que vale, até não desgosto dessa secção final, mas não achei que juntá-la ao fim da canção fosse uma grande ideia. Mas gostei da música, independentemente disto.
3. 'xanny'
Ao contrário do final da canção anterior, Xanny começa com a Billie a cantar quase acapella com uma voz doce acompanhada por pouca instrumentação. Gostei muito da música e da mensagem. Pessoalmente, o problema retratado aqui diz-me muito, porque o problema do abuso de substâncias sempre foi algo sensível para mim. Quando era mais miúdo, não conseguia perceber o que é que possivelmente poderia atrair alguém para esse mundo, mas à medida que fui crescendo fui vendo casos de pessoas aparentemente felizes que continuavam sempre à procura de tentar fugir ao controlo, a procurar um estado sempre alterado através de drogas, sejam elas quais forem. Pessoalmente nunca experimentei e não tenciono nunca vir a experimentar, e a letra desta música refere várias coisas que me fazem confusão também:
I must be missing something
They just keep doing nothing
Too intoxicated to be scared"
Pelo que li por aí, acho que a Billie escreveu esta canção após perder amigos para as drogas. Acho que é uma boa mensagem para passar a um público mainstream inundado com músicas pró-drogas. Pelo menos serve para equilibrar mais ou menos as coisas.
Apesar da mensagem, musicalmente gosto muito também da canção e da sua simplicidade. Há uma distorção muito interessante no refrão na voz dela que assim se junta ao baixo e a forma como acaba a canção é muito bonita, com a Billie a cantar de forma delicadíssima e o fim acapella com harmonias acho que foi bastante bonito. Muito bom.
4. 'you should see me in a crown'
A música começa de forma interessante, e gosto bastante da intenção inicial. O refrão enquadra-se bem também, apesar de pelo fim já não estar a gostar assim tanto como gostei da primeira vez que o ouvi.
O break instrumental não deu nada à música, não fui particularmente fã da escolha que utilizaram aí. No entanto, gosto da letra e da determinação que a Billie imprime nela. É cantada com atitude e achei que a mensagem passou.
No geral, não foi de todo a minha canção favorita do álbum até agora, mas também não foi má.
5. 'all the good girls go to hell'
Esta começa com um efeito interessante, mas não gosto da expressão "My Lucifer is lonely", não sei bem explicar porquê. Não acho que seja forte ou convicto o suficiente para abrir uma canção assim. No entanto, quando entrou o piano comecei a abanar logo a cabeça.
E uuuuuh que isto bateu tão bem de repente. Quando o refrão começou e o instrumental ficou reduzido apenas ao baixo e à bateria fiquei intrigado, depois aparecem os sintetizadores muito ao de leve, mas quando acaba o refrão e o instrumental entra com os sintetizadores comecei mesmo a curtir da canção. A batida é mesmo muito boa e a voz dela está-me a surpreender muito pela positiva.
Que banger que esta música foi. Em termos melódicos foi fantástico, adorei, e há pequenos detalhes que me captaram completamente. À entrada do segundo refrão, em vez de seguir a fórmula do primeiro e começar com a voz solitária acompanhada pela bateria e baixo, começou apenas com a voz harmonizada da Billie acapella antes de entrar o mesmo acompanhamento com pormenores do piano. Adorei, a minha favorita de longe até agora.
6. 'wish you were gay'
Gosto da forma como a música arranca e nunca perde o sentido lógico em termos melódicos e de estrutura. Gosto da melodia em si também, pareceu-me certinha e que serviu o seu propósito.
Achei a letra engraçada e acho que foi isso que ela tentou que parecesse, pois a entoação com que canta não me parece ser de alguém que queira que levemos o que diz de forma literal ou assim tão a sério. Não percebi bem os aplausos no fim, mas deve ter um significado qualquer.
Boa canção no geral, mas nada do outro mundo.
7. 'when the party's over'
Esta canção é muito bonita, gostei da simplicidade do instrumental com alguns sintetizadores mas principalmente o piano que a acompanha. A letra também é muito bonita e acho que foi cantada com muito sentimento, bateu certo com tudo o resto.
Mas o grande destaque tem de ser a voz lindíssima da Billie ao cantar esta canção. Desde os sussurros mais tímidos que demonstram a fragilidade com que interpretou o poema até aos falsetes mais agudos. Adoro o timbre dela e a leveza controlada da sua voz. Um dos melhores momentos do álbum até agora.
8. '8'
A canção número 8 chama-se... 8. Quem diria. Achei muito interessante a voz neste tema ter sido editada para ser quase um dueto entre uma Billie Eilish em criança com a Billie Eilish de agora. Essa temática é expressa também pela forma como o instrumental está montado, a começar quase exclusivamente com um ukelele (alguém sabe um instrumento que passe mais a ideia de inocência que esse?) e aos poucos começa-se a notar a presença do baixo.
Estava a gostar da música, mas no segundo refrão quase que me arrepiei quando entraram as guitarras a fazerem notas individuais praticamente, que serviu na perfeição para "encher" mais a canção, foi um pormenor incrível. E ainda há 1 minuto disse que a inocência era transposta para música perfeitamente através do ukelele, dizendo que era o instrumento mais inocente. Pois bem, na segunda parte entra um xilofone que o complementou na perfeição, também.
"I know you're not sorry
Why should you be?
'Cause who am I to be in love
When your love never is for me?"
O break instrumental não deu nada à música, não fui particularmente fã da escolha que utilizaram aí. No entanto, gosto da letra e da determinação que a Billie imprime nela. É cantada com atitude e achei que a mensagem passou.
No geral, não foi de todo a minha canção favorita do álbum até agora, mas também não foi má.
5. 'all the good girls go to hell'
Esta começa com um efeito interessante, mas não gosto da expressão "My Lucifer is lonely", não sei bem explicar porquê. Não acho que seja forte ou convicto o suficiente para abrir uma canção assim. No entanto, quando entrou o piano comecei a abanar logo a cabeça.
E uuuuuh que isto bateu tão bem de repente. Quando o refrão começou e o instrumental ficou reduzido apenas ao baixo e à bateria fiquei intrigado, depois aparecem os sintetizadores muito ao de leve, mas quando acaba o refrão e o instrumental entra com os sintetizadores comecei mesmo a curtir da canção. A batida é mesmo muito boa e a voz dela está-me a surpreender muito pela positiva.
Que banger que esta música foi. Em termos melódicos foi fantástico, adorei, e há pequenos detalhes que me captaram completamente. À entrada do segundo refrão, em vez de seguir a fórmula do primeiro e começar com a voz solitária acompanhada pela bateria e baixo, começou apenas com a voz harmonizada da Billie acapella antes de entrar o mesmo acompanhamento com pormenores do piano. Adorei, a minha favorita de longe até agora.
6. 'wish you were gay'
Gosto da forma como a música arranca e nunca perde o sentido lógico em termos melódicos e de estrutura. Gosto da melodia em si também, pareceu-me certinha e que serviu o seu propósito.
Achei a letra engraçada e acho que foi isso que ela tentou que parecesse, pois a entoação com que canta não me parece ser de alguém que queira que levemos o que diz de forma literal ou assim tão a sério. Não percebi bem os aplausos no fim, mas deve ter um significado qualquer.
Boa canção no geral, mas nada do outro mundo.
7. 'when the party's over'
Esta canção é muito bonita, gostei da simplicidade do instrumental com alguns sintetizadores mas principalmente o piano que a acompanha. A letra também é muito bonita e acho que foi cantada com muito sentimento, bateu certo com tudo o resto.
Mas o grande destaque tem de ser a voz lindíssima da Billie ao cantar esta canção. Desde os sussurros mais tímidos que demonstram a fragilidade com que interpretou o poema até aos falsetes mais agudos. Adoro o timbre dela e a leveza controlada da sua voz. Um dos melhores momentos do álbum até agora.
8. '8'
A canção número 8 chama-se... 8. Quem diria. Achei muito interessante a voz neste tema ter sido editada para ser quase um dueto entre uma Billie Eilish em criança com a Billie Eilish de agora. Essa temática é expressa também pela forma como o instrumental está montado, a começar quase exclusivamente com um ukelele (alguém sabe um instrumento que passe mais a ideia de inocência que esse?) e aos poucos começa-se a notar a presença do baixo.
Estava a gostar da música, mas no segundo refrão quase que me arrepiei quando entraram as guitarras a fazerem notas individuais praticamente, que serviu na perfeição para "encher" mais a canção, foi um pormenor incrível. E ainda há 1 minuto disse que a inocência era transposta para música perfeitamente através do ukelele, dizendo que era o instrumento mais inocente. Pois bem, na segunda parte entra um xilofone que o complementou na perfeição, também.
"I know you're not sorry
Why should you be?
'Cause who am I to be in love
When your love never is for me?"
Adorei este verso. E adorei a forma que foi cantado. O único reparo a apontar é o final, não gostei muito da forma como acabou. No entanto, mais uma canção para juntar aos highlights deste álbum.
9. 'my strange addiction'
Ok, uma coisa: eu adoro The Office, é das minhas séries favoritas. Quando isto começou fiquei completamente à toa porque começa com referência ao filme que o Michael Scott escreveu na série, Threat Level Midnight (?!) e não percebo bem como se adequa ao resto da canção.
Gostei da canção e da letra. Fala de como se pode gostar tanto de alguém e querer tanto estar com alguém que essa pessoa se torna no nosso vício e quase numa doença. Gostei, é uma boa canção.
10. 'bury a friend'
Mal começou a batida reconheci imediatamente a música porque já a ouvi umas quantas vezes. O ritmo é hipnotizante desde o início e a harmonia que fazem no refrão é excelente, adorei. Uma coisa que não gostei no entanto foi o primeiro break instrumental, acho que quebrou um bocado o flow da canção e não acho que tenha acrescentado alguma coisa.
Acho que foi muito inteligente referenciar o título do álbum no refrão desta música e foi de bom gosto, de muito bom efeito.
De resto, acho que a canção tem propositadamente uma cor creepy, com algumas vozes e sintetizadores a acrescentar a isso com gritos e "espasmos melódicos". Gostei muito desta, também.
11. 'ilomilo'
Também já tinha ouvido esta, já me a tinham mostrado há pouco tempo pelo que ainda estava fresca na minha memória. Gostei muito, e gosto ainda mais no contexto do álbum. As referências às faixas anteriores dão uma ideia de continuidade que gosto sempre de sentir quando ouço álbuns de música.
A música em si é muito cute, tanto a mensagem, que fala de um sentimento que acho que todos já sentimos do receio de separação de quem se gosta, como do instrumental e dos pequenos efeitos mostrados ao longo da canção.
A canção em si é muito simples, apenas com uma leve batida e um glockenspiel a fazer uma espécie de riff a acompanhar a música, e acho que funciona muito bem.
12. 'listen before i go'
Achei esta canção muito bonita. Pareceu-me que falava de depressão e suicídio, sobre o medo do abandono. Pareceu-me que é uma canção que nos guia para o final, sente-se que se está a acabar esta experiência de ouvir um álbum do princípio ao fim e acho que isso é muito positivo.
A mensagem é muito bonita e a forma como é cantada também, com um receio e uma fragilidade imensa.
13. 'i love you'
Acho que é a primeira vez no álbum que uma música é acompanhada só à guitarra. Gosto. A música fala dos sentimentos de uma relação complicada e das dificuldades que isso traz às pessoas envolvidas. A canção é muito leve e a melodia é muito delicada, cantada de uma forma quase fantasmagórica com as harmonias muito sussurradas. À voz da Billie junta-se a do irmão, que faz um efeito muito fixe dos dois membros da relação sentirem as dificuldades juntos.
Que bela maneira de entrar na recta final de um álbum sobre medos e receios. Lindo.
14. 'goodbye'
Ui, a abrir logo com estas harmonias subtis e com um acorde desconcertante. A música serve como o culminar de todo o álbum, fazendo referência a várias canções e deixando-nos com a mensagem que Billie procurou passar durante o álbum todo (mais ao início, mas alguns detalhes no fim também) e com a frase que começa esta jornada toda:
"I'm the bad guy"
Resumo:
Gostei bastante do álbum e da maioria das ideias que tentaram implementar. A forma sónica produzida na maioria das músicas é muito boa e acho que vão de encontro com o que pretendiam e simplesmente funciona.
Um dos pontos negativos que queria salientar é que às vezes pareceu-me que este persona que a Billie tentou implementar de ser uma bad guy e creepy na forma como dizia algumas coisas em espaços saiu um bocado forçada. Acho que nalguns momentos tentaram impingir um bocado a quem está a ouvir essa ideia, quase como para o relembrar que "atenção, esta rapariga que está a cantar é uma mazona". Noutros momentos resultou bem (por exemplo, na 'bury a friend'), mas às vezes pareceu-me um bocado forçado (por exemplo, o final da 'bad guy').
De resto, acho que as canções só demonstram o potencial que a Billie e o FINEAS têm como artistas e compositores. O irmão faz um belo trabalho a produzir este disco, mas gostava de salientar mais a forma simplista e especial com que a Billie interpreta as canções.
Parece ter sempre o tom certo na música e a escolha de notas acertada. Nalgumas músicas a melodia é cantada de forma muito certinha e noutras é cantada de forma quase contrária ao que se esperava, e quase sempre essas escolhas foram as acertadas, dada a temática da música, o que o álbum pedia, etc.
Gostei também do fio da narrativa que liga o álbum do princípio ao fim, deu uma sensação de experiência completa ao chegar ao fim porque, apesar dos defeitos que já falei, nota-se que há um tema a percorrer o álbum inteiro, que é algo que eu adoro sentir quando ouço estes projectos. E nota-se também que, para além de propositado, foi algo que foi pensado e trabalhado por quem escreveu, produziu e interpretou.
Acho que é isto. Estou entusiasmado para ver como ela cresce como artista porque este primeiro trabalho promete (sim, eu sei que tem EPs e tal, mas dou muito valor a álbuns completos e conto este como o primeiro verdadeiro trabalho dela). Acho que tem potencial para se manter durante muitos anos neste mundo a fazer trabalhos de qualidade e com uma base de fãs sólida que a acompanhe. Vamos ver no que dá.
Classificação: 7/10
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